"Billy the Kid, foi assim que passou para a história americana o jovem William Bonney. 1859-1881foi o tempo de vida que os deuses lhe atribuíram. Pistoleiro e ladrão de gado. Matou quatro pessoas (chegaram a atribuir-lhe 21 mortes) e foi morto pelo xerife Pat Garrett - outro nome incontornável da história do Oeste americano da segunda metade do século XIX. Qualquer deles, juntos ou separados, alimentaram umas dezenas de argumentos de ficção em Hollywood. Esta é mais uma, mas... No fim dos anos 50 alguns argumentistas e realizadores começaram a questionar algumas coisas da história americana do oeste tal como ela se tinha consolidado no imaginário coletivo. É esse o caso deste filme. A matriz ficcional obedece à verdade histórica. Aquelas personagens existiram, os dados foram (mais ou menos) respeitados e as situações igualmente. Mérito para o Gore Vidal (esse grande escritor) que investigou e escreveu a matriz factual de base. Mérito igualmente para o realizador Arthur Penn que, vindo do universo da televisão (então em consolidação no imaginário e nos hábitos) conseguiu fazer com esse material o seu primeiro filme em Hollywood. Penn, que era um intelectual fascinado pelo cinema europeu, fez uns anos depois (1967) Bonnye & Clyde e a abordagem é similar. Personagens reais da história americana. Jovens (just kids) desenquadrados, socialmente à deriva na América profunda. Marginais fascinados com o eco das suas façanhas junto do público através de notícias ampliadas e romanceadas por jornalistas pouco escrupulosos - o Billy diz para si que é uma figura de glória.
A forma com o Penn põe o Newman a representar o pequeno bandido dá essa dimensão de uma certa inocência, o desejo de brincar, fruir a vida. Há uma clara ampliação do perfil psicológico do jovem, apanhado nas armadilhas da vida, com uma falsa história contada e editada. Não tinha futuro. Penn filmou claramente num registo fluído, prático e barato - os decors eram naturais. Obviamente que a sua margem de liberdade era restrita. Um miúdo que foi morto com 22 anos era representado pelo Paul Newman que já ia nos 38 anos. Mal menor ou, se quisermos, uma prenda especial para nosso prazer cinéfilo.
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