01 janeiro 2024

Frida, de Julie Taymor (2002)

Com Selma Hayek, Alfred Molina. 2002. 118 min

Vamos recomeçar. México. Primeiras décadas do século XX. Grande agitação política e cultural. Grandes artistas. Fotógrafos (Alvarez Bravo e Tina Modotti). Pintores. Os muralistas - Orozco, Siqueiros e Diego Rivera. Num intervalo desta euforia desregrada mas controlada quanto baste pela vizinha América, emerge Frida Khalo. Associada para o bem e o mal a Diego Rivera (foram casados duas vezes) a sua vida é uma história de dor física e de excelência vivencial. Se quisermos, dor e paixão. Ícone feminista quanto baste, porque não conhecia fronteiras comportamentais. Pintora de excelência? O exotismo, o fantástico, o absurdo ou o simbólico da sua pintura (basicamente autorretratos) estão claramente sobrevalorizados no universo da definição dos valores culturais. Surrealista? As categorias vivenciais dela eram menos intelectuais e mais viscerais. Na essência era uma pintora naif. Mas o seu papel num cantinho da história do século passado está garantido. Foi amante do Trotsky (o nosso recém visto Geoffrey Rush) que viveu na casa dela e nesse contexto foi assassinado por um militante comunista espanhol a mando do Staline. O seu universo pessoal e do Rivera (a Casa Azul) felizmente manteve-se e é visitável com prazer na cidade do México.

Nesta história em que acompanhamos o percurso da Frida até à sua morte é recriado com brilho o imaginário da burguesia esclarecida no México, que sonhava revoluções, mas se dava muito bem com a riqueza do capitalismo americano, como foi o célebre caso do Mural no Rockfeller Center - revisitado no filme. Belíssima fotografia, óptima música e melhores performances de Selma Hayek como Frida e Alfred Molina como Diego Rivera. Passagem meteórica de Antonio Banderas. Vale a pena.

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